Guerra comercial. UE prepara ataque às gigantes tecnológicas em resposta às tarifas de Trump
A União Europeia está a preparar uma resposta às taxas alfandegárias anunciadas na quarta-feira pelos Estados Unidos. Em vez de responder na mesma moeda, os vários líderes europeus ameaçam visar serviços digitais norte-americanos.
O vice-chanceler alemão Robert Habeck afirmou esta quinta-feira que “está tudo em cima da mesa” numa eventual resposta a Washington. O também ministro da Economia e do Clima alertou ainda que é necessário “ter cuidado para não tornar mais caros os produtos de que necessitamos e que não podemos compensar através de outros países”.
Também o antigo chanceler alemão, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Olaf Scholz, pede à União Europeia que “mostre os seus músculos fortes”, ainda que Berlim mantenha a porta aberta às negociações.
A porta-voz do Governo francês, Sophie Primas, vincou esta quinta-feira que a União Europeia está “pronta para uma guerra comercial” com os Estados Unidos e que planeia “atacar os serviços digitais” em resposta às taxas alfandegárias anunciadas por Trump.
De acordo com esta responsável, a UE está a preparar uma resposta em dois passos, uma primeira “que entrará em vigor em meados de abril”, para responder às taxas aplicadas ao alumínio e ao aço. Seguir-se-á uma segunda ronda de resposta “que provavelmente estará pronta até ao final de abril para todos os produtos e serviços”.
Neste momento, essa segunda ronda de resposta “está a ser negociada entre países membros da União Europeia”, afirmou Sophie Primas.
“Mas também vamos atacar os serviços, por exemplo os serviços digitais, que atualmente não são taxados e poderiam ser”, acrescentou a porta-voz do Governo francês.
Ursula von der Leyen afirmava na quarta-feira que a União Europeia se manteria “aberta a negociações” mas que partia para esse processo “a partir de uma posição de força” e com “muitas cartas”.
“Todos os instrumentos estão em cima da mesa”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, prometendo contramedidas firmes.
Em linha com estas declarações, Sophie Primas frisou que a Europa tem à sua disposição “uma gama completa de ferramentas”. “Estamos prontos para esta guerra comercial”, afirmou a porta-voz do Governo francês.
Negociações começam na sexta-feira
Segundo o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, Bruxelas iniciará as negociações sobre as tarifas alfandegárias com os Estados Unidos já a partir de sexta-feira. “Amanhã [sexta-feira] falarei com os meus homólogos americanos”, anunciou Sefcovic nas redes sociais.
"Atuaremos de uma forma calma, cuidadosamente faseada e unificada, enquanto calibramos a nossa resposta, dando tempo suficiente para as conversações. Mas não ficaremos de braços cruzados, caso não consigamos chegar a um acordo justo", adiantou o comissário europeu
Na mesma publicação alertou que a aplicação de “tarifas injustificadas” irá inevitavelmente trazer efeitos negativos aos próprios Estados Unidos.
Unjustified tariffs inevitably backfire.
— Maroš Šefčovič🇪🇺 (@MarosSefcovic) April 3, 2025
We'll act in a calm, carefully phased, unified way, as we calibrate our response, while allowing adequate time for talks. But we won't stand idly by, should we be unable to reach a fair deal.
I'll speak to my U.S. counterparts tomorrow. pic.twitter.com/tA9l40wvRE
Para já, os vários países da União Europeia também avaliam os impactos das taxas alfandegárias nos mercados nacionais. A porta-voz do Governo francês adiantou que o presidente Emmanuel Macron se irá reunir esta quinta-feira à tarde, no Eliseu, com representantes de vários setores afetados.
"Podemos ver claramente que todos os mercados de exportação, particularmente para vinhos e bebidas espirituosas, estão em processo de fechar”, admitiu a porta-voz, Sophie Primas.